Resumo
O rastreamento do câncer de mama no Brasil é realizado, prioritariamente, de modo oportunístico, tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita e universal, quanto pelo Sistema de Saúde Suplementar (SSS), por meio do acesso particular e oneroso. Objetivou-se descrever quantitativamente o parque tecnológico disponível no Brasil para o rastreamento do câncer de mama, quanto a mamógrafos (MMs) e exames de mamografia (MMG). Trata-se de estudo quantitativo, no qual se analisaram banco de dados oficiais e de acesso público relativos ao período de 2015 a 2021. A quantidade de MMs em uso foi extraída do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), a parcela de mulheres atendidas por planos de saúde (PS) foi retirada dos dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a população-alvo para o período foi obtida mediante estimativas disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), de onde também se obteve a quantidade de mamografias (MMGs) aprovadas no SUS. A partir de então, concluiu-se que há MMs em uso excedentes para atender a PA de todo o Brasil e suas regiões, sendo em maior número na Região Sudeste e em menor na Região Norte. Dentre as Unidades da Federação (UF), São Paulo apresentou maior quantidade de aparelhos em uso, tanto SUS quanto não SUS. Acre, Roraima e Amapá contaram com os menores quantitativos de aparelhos em uso SUS, no período. Quanto aos estados com menos MMs em uso não SUS, destacaram-se Roraima, Acre, Amapá e Tocantins, todos nos anos de 2015 a 2021, e Alagoas, no ano de 2018. Das 27 UF, duas mostraram falta de MMs para atender ambas as populações durante o período analisado: no Acre houve carência de MMs em uso SUS para suprir a demanda da PA total, de 2015 a 2019, e da PA exclusivamente dependente (ED) do SUS, de 2017 a 2019. Semelhantemente, no Distrito Federal faltariam equipamentos em uso SUS para atender a PA total de 2015 a 2021, bem como a PA ED de 2015 a 2019. Em contraponto, todos os MMs em uso, somados, seriam excedentes para atender a PA total, a qual engloba a PA ED, em todas as UF. Apesar dos resultados encontrados relativos aos equipamentos, a análise de exames apurou que não foi alcançada a meta de 50% de cobertura da PA ED quanto a mamografias (MMGs) aprovadas no SUS