Deslocamento de Pacientes em Tratamento de Câncer de Mama no SUS
Resumo
O câncer vem sendo considerado a principal barreira ao aumento da expectativa de vida em todos os países, com taxas de incidência e de mortalidade em crescimento acelerado. No Brasil, estima-se mais de 625 mil novos casos no triênio 2020-2022, sendo o câncer de mama o tipo mais incidente com 15,3% do total. Dentro do sistema de saúde brasileiro, o atendimento oncológico está concentrado em centros especializados, localizados em poucos municípios. Essa centralização dos serviços de saúde dificulta o acesso aos tratamentos de parte da população, fazendo com que tenham de se deslocar por grandes distâncias. Não há, contudo, estudos de amplitude nacional que possibilitem a análise detalhada desses deslocamentos em todas as esferas de saúde relacionadas (estado, macrorregião e região de saúde, e município). Por isso, este trabalho buscou descrever o perfil de deslocamento de pacientes em tratamento de câncer de mama, considerando o período de 2000 a 2016.
Foram feitas análises descritivas por métodos estatísticos e por mineração de dados para mais de 490 mil ocorrências do Registro Hospitalar de Câncer. O uso das técnicas estatísticas permitiu a elaboração de análises para quatro grupos de características relacionadas às pacientes, ao tumor, aos tipos de tratamento adotados e aos deslocamentos efetuados. Também foi desenvolvido um painel para navegação e consulta dos dados dentro de cada esfera da saúde, no qual se pode selecionar o período e a região desejada, possibilitando uma ampla gama de diferentes análises. Em paralelo, foram gerados modelos usando as técnicas de agrupamento e associação, da mineração de dados, para descrever padrões encontrados na base de dados.
Dentre os resultados, foram encontradas associações entre as variáveis estadiamento grupo e tipo de tratamento com determinadas faixas de deslocamento, bem como uma alta concentração de casos (69,5%) nas distâncias até 60 quilômetros. Tais análises tem o intuito de estimular discussões e reflexões entre os gestores de saúde, responsáveis pelo monitoramento das políticas públicas e pela organização das redes de atenção em saúde.